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ELA ACREDITOU

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MEMÓRIAS DE UM PROFESSOR

Quando alguns anos depois de 2020, você abrir um livro e ler sobre a pandemia, não saberá como foram difíceis esses dias. Escolas todas fechadas e a educação em fachadas de sites, aplicativos e plataformas. O Ensino Remoto era então instituído, e os estudantes sem internet, excluídos.  Mas o discurso era para incluir, diziam fazer a inclusão. As atividades eram impressas para os que não tinha acesso ao mundo virtual. Porém, a esses faltaram as vídeos aulas, transmitidas ao vivo pelos aplicativos de reuniões síncronas pela internet.  Aos que buscaram as atividades impressas, se é que buscaram, faltou o vídeo divertido, o aplicativo interativo e as ferramentas dessa geração, tão boas para educação, mas que sem um projeto de educação, serviram apenas para demarcar o quão desigual é nossa sociedade. No Ensino Remoto não tivemos equidade.  Então quando ler sobre o que aconteceu em 2020, lembre-se de minhas palavras, não houve preocupação do governo com inclusão. Sei o que digo, sou profess

O PROFESSOR FAZ FALTA

Quem é professor ou quem trabalha na educação sabe o quanto a indisciplina pode atrapalhar o aprendizado dos estudantes e o nosso trabalho. E não me venha dizer que o professor precisa se reinventar ou algo do tipo, a indisciplina é uma realidade em sala de aula. A maneira como os estudantes, não todos, enxergam o professor, assusta. É que estamos diante de uma visão de educação em que o estudante tudo pode e o professor não tem nenhum direito.  Isso ocorre, na maioria das vezes, pela falta de princípios como respeito e a empatia. Você que estar lendo meu texto agora pode achar que eu sou tradicional, não é isso. No entanto, existem comportamentos e valores que são atemporais, o professor é um profissional que está em sala de aula para conseguir ganhar seu dinheiro e levar sustento para sua casa. E se todos os profissionais precisam e devem ser respeitados, por que o professor não?  Bem, mas não é para discutir a falta de valorização do professor que estou escrevendo essa crônica. De c

CONTO - O BRILHO DA LUZ QUE ME APAGOU

PROJETO - Nem tudo é sobre SEXO Abri o editor de texto... passei alguns minutos encarando a tela branca do computador. Eu sabia o que escrever, mas me faltava coragem. Olhei a foto dela no porta-retratado, cuidadosamente colocado na escrivaninha. Eu sabia que ela iria querer isso. Aliás, esse sempre foi o seu desejo: ter sua história narrada por mim. O meu egoísmo, no entanto, não me deixava compartilhar os seus segredos. Queria guardá-los para mim, apenas para mim.             Saber que eu era a única pessoa que conhecia seus segredos, trazia-me um sentimento de intimidade, de proximidade com ela. E eu não queria perder isso. Olhei novamente a foto dela a me encarar, não tinha jeito, eu teria que escrever. Ela sempre foi muito convincente. Nunca precisou falar uma palavra para convencer-me a fazer a sua vontade, bastava olhar-me que eu obedecia. Não tinha como fugir do seu olhar congelado na fotografia.             Maria Luz da Silva Amarantos nasceu em... parei. Não parecia justo

UMA CRÔNICA DE DESIGUALDADE

Foi-se o tempo em que era necessário ir para rua para salvar o Brasil. O clamor de todos é para que se fique em casa. Estamos nos escondendo da maior ameaça da história recente à humanidade: o coronavirus. De que forma vamos sair dessa crise sanitária ainda não sabemos, o que se sabe é que se as pessoas não circulam, o vírus também não circulará. Daí a recomendação de muitas autoridades da saúde e da política para ficarmos em casa.  No entanto, o ficar em casa escancara, no Brasil, um problema já antigo: a desigualdade social. E nasce um dilema em meio a essa crise toda: como ficar em casa sem ter o que comer? Ou muitas vezes sem ter nem mesmo uma casa adequada, visto que milhões de brasileiros vivem amontoados em pequenos casebres, o que se configura por si só uma aglomeração doméstica. Em relação a isso, o governo federal criou um auxilio emergencial de R$ 600,00 para que essas pessoas pudessem ficar em casa.  E a questão da desigualdade social que ficou evidente com o is

Um aglomeração de abraços e sorrisos!

Olá, queridos leitores, sinto-me mais próximo de vocês a cada texto escrito, pois a palavra é um carinho na alma, um afago no coração. E agora sabemos que os poetas sempre tiveram razão quando diziam que "quem ama quer está perto" e quando afirmaram que o "melhor lugar do mundo é dentro de um abraço". Hoje sabemos o quanto faz falta abraçar e estar perto das pessoas que gostamos.  Sinto falta do meu trabalho, dos meus alunos que me estressavam. Sinto falta de meus colegas que sempre destetei, sinto falta de conviver. Tenho saudades até mesmo dos passeios chatos com amigos, muitos eu ia apenas para agradá-los, mas agora descubro que amava passear com eles. Não sabia que sentiria tanta falta da família reunida, dos parentes chatos e fofoqueiros. E até mesmo das brigas. O vírus chegou e nos colocou em um casulo. É preciso evoluir. Como sairemos desses casulos? Não sei se melhor ou pior, mas de uma coisa eu tenho certeza: valorizarei muito a presença das pesso

Por que ler S. Bernado, de Graciliano Ramos?

Criado por uma negra doceira, Paulo Honório foi um menino órfão que guiava um cego e vendia cocadas durante a infância para conseguir algum dinheiro. Depois começou a trabalhar na duro na roça até os dezoito anos. Nessa época ele esfaqueia João Fagundes, um homem que se envolve com a mulher com quem Paulo Honório teve sua primeira relação sexual. Então é preso e durante esse período aprende a ler com o sapateiro Joaquim. A partir de então ele passa somente a pensar em juntar dinheiro. Saindo da prisão, Paulo Honório pega emprestado com o agiota Pereira uma quantia em dinheiro e começa a negociar gado e todo tipo de coisas pelo sertão. Assim, ele enfrente toda sorte de injustiças, fome e sede, passando por tudo isso com muita frieza e utilizando de meios antiéticos, como ameaças de morte e roubo. Após conseguir juntar algumas economias, retorna a sua terra natal, Viçosa, com o desejo de adquirir a fazenda São Bernardo, onde tinha trabalhado. Para tanto, Paulo Honório inicia uma a