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Mostrando postagens de março, 2020

Um ousado sonhador!

Quem sou eu? É um pergunta que ouso fazer, mas que não tenho pretensão nenhuma em responder. Principalmente porque não me sinto apto para isso. Conforme-se apenas com a explicação de eu ter intitulado esse post com “Um ousado sonhador!”. Talvez eu não seja um ousado sonhador. Porém, ser, aqui, não é a questão. O que importa de verdade é como me sinto. E nesse momento me sinto incapacitado de dizer quem sou e ao mesmo tempo ouso sonhar, por isso, também me sinto um ousado sonhador. Você, amado(a) leitor(a), pode achar que estou enrolando. E se eu estiver? Não disse que não poderia ser prolixo, falar muito sem dizer nada sempre foi o meu maior talento. Posso muito bem levar você até o final desse texto como um pastor conduzindo um rebanho e no fim dizer apenas um até logo. Prometo, no entanto, que não é isso que irei fazer. Estou apenas esperando inspiração para que eu possa explicar de forma clara porque me sinto um sonhador ousado. Um fato, ou melhor, uma pista que possa

JANTAR

Nadia Bambirra interpreta uma mulher amargurada devido ao casamento fracassado Foto: Ricardo Fuji/Divulgação Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Como eu tinha ódio de cortar cebola! Como eu tinha ódio de cozinhar! Limpei a lágrima e continuei a picar a cebola com tanta raiva que sentia um enorme prazer em cada corte feito. Cheguei por várias vezes a imaginar que a cebola era minha vida, e com muita vontade eu a cortava, assim como faria com minha rotina. Enquanto me perdia na imaginação, o cheiro do arroz anunciava que já passara do tempo de desligar o fogo. “Dane-se”, eu pensei, “que coma arroz queimado”. Desliguei o fogo, e mexendo o arroz percebi que não havia queimado. Em meu rosto uma mistura de lágrima, causada pela cebola e suor da quentura deixava-me mais irritada. Eu tinha 27 anos e estava de serva de um homem. Um maldito homem que sequer foi capaz de me dar filhos. Mas eu estava ali, fazendo o jantar dele. De repente pensei: “Por que estou fazendo isso?” E quem di

O VENEZUELANO

Eu achava que pelo menos as pessoa de Boa Vista conheciam Caripito. Algumas conheciam, mas para quem não conhecia nem adiantava eu dizer que ficava em Monagas. Para eles, Venezuela era como um estado só. Sabiam que tinha cidade, mas ignoravam as regiões, os estados. Também, o que queria eu informar para as pessoas que meu país era dividido em 23 estados, e que Caripito ficava em um deles, chamado Monagas. Dizer que eu era da Venezuela já era suficiente para eles.  Eu estava indo morar com meu pai, em Belo Horizonte, onde ele trabalhava de jef de cocina haces unos dos años. As veces me perdia entre os idiomas, e acabava falando algo que nem era espanhol e nem português, uma mistura, que mais tarde fiquei sabendo, era chamado portunhol. Pero essa minha confusão, não se dava por falta de conhecimento, mas porque não estava habituado falar somente em português. Eu conhecia o idioma brasileiro, estudei por dois anos antes de vim para o Brasil.  Quando meu pai nos deixou na Venez

REVIRAVOLTAS

Sou aquele tipo de pessoa que é assombrada pelos pensamentos. E também pelas minhas recordações. Nada animador, não é mesmo, para você que começa a ler este conto? O que vou encontrar em um texto de um garoto problemático? Você deve estar se perguntando.  Bem, é simples, encontrarás aqui um desabafo, injusto, talvez, já que se trata apenas do meu ponto de vista sobre os fatos ocorridos em minha vida. Os julgamentos que aqui farei são de caráter pessoal e eu farei baseado nos meus princípios.  Hoje, 06 de agosto de 2018, eu tenho 28 anos. Moro na cidade de Sousa, alto sertão paraibano. Mas não é aqui nem agora que essa história começa. Até chegar a esse momento em que me encontro sentado em meu quarto, tomando uma xícara de café amargo e escrevendo sobre nada extraordinário, muitas coisas se passaram.  E só decidi escrever para vocês essa história porque a escrita é o único remédio para as minhas assombrações. Quando minhas lembranças me assombram, meus dedos ficam inqui

TRAVESTIDO

Você precisa saber da verdade, cara leitor. Eu contarei a você, antes que siga a leitura desse texto e se decepcione com a história que é aqui contada. A verdade é que sou um escritor medíocre, um péssimo contador de história. E por isso não devia me atrever a contar essa grandiosa e dolorosa narrativa. Mas, caro leitor, infelizmente, foi a mim que essa história foi contada e cabe a mim contar a vocês.  Era um sábado, e ela estava comigo em um barzinho contando-me como estava superando uma separação. Como fomos parar ali não importa, digo isso porque não me lembro bem como aconteceu, o que me lembro e muito bem, foi que ela me contou. Disse-me que vivera por 8 anos com o seu namorado e que há 8 meses haviam se separado. E começou a me contar como estava sendo difícil lidar com tudo aquilo.  Ela precisava desabafar, logo percebi isso. E pus-me a ouvi-la. Entre uma lágrima e um gole de cerveja, ela me contava. Eram apaixonados. Viviam juntos há 8 anos, e o mais irônico é q