Pular para o conteúdo principal

1.2 Do ingresso no curso de letras ao estágio


Tudo que é novo nos assusta. Ao ingressar no curso de Licenciatura em Letras duas coisas me assustaram: o ensino superior e a plataforma moodle, que faz parte do curso, pois curso Letras a Distância. Apesar de já ter bastante experiência na utilização do computador e da internet, a plataforma era algo novo. E o meu medo era de está fazendo as coisas erradas, além disso, eu morria de medo de produzir um texto, pois como era um curso superior, temia que meu texto fosse ‘escrachado’ e não aceito. Mas no decorrer dos períodos fui conhecendo os professores e me senti acolhido e a vontade para escrever e dizer das minhas angústias e, também, opinar sobre o curso. Além, é claro, de me sentir mais à vontade para escrever. 

Gostei de todas as disciplinas (menos Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa), ao iniciar em Didática comecei a me imaginar na sala de aula e a partir de meu ingresso na disciplina de Orientação do Estágio Supervisionado, iniciei a minha vivência no ambiente escolar, pois comecei a visitar as escolas. Essas visitas me faziam querer começar o estágio e viver a experiência da sala de aula. 

O estágio, no entanto, foi o que me permitiu viver as experiências: alegrias, dificuldades, satisfação e angústia do professor em sala de aula. O que, de certa forma, me ajudou a perceber com mais clarividência a função do professor, permitindo-me ir além das teorias e do mundo fantástico das leituras teóricas, onde tudo dava certo. 

Foi no estágio que aprendi que nosso trabalho está sujeito a agentes externos e situações que fogem ao nosso controle e que, por isso, é muito importante que o professor ao ir pra sala de aula tenha no mínimo duas opções de aulas, ou seja, é necessário planejar levando em conta a possibilidade da não execução da aula. E, diante disso, o professor precisa ter uma nova aula, melhor, um plano B. 

Aprendi a necessidade do planejamento durante o curso, mas foi no estágio que vi que o professor não trabalha se não planejar. Quando iniciei o curso, por exemplo, tinha mais medo que desejo de reger uma sala de aula. Hoje, depois do estágio, percebo que tudo é questão de conhecimento. E no que se refere ao conhecimento, aprendi muito no curso de licenciatura em Letras do IFPB, percebo que meu esforço em buscar sempre um aprendizado além do curso, valeu a pena. Inclusive, hoje estou sendo beneficiado desse esforço a mais que fiz no decorrer do curso. 

Diante da experiência do estágio e de todo o aprendizado construído durante o curso, eu percebo que o professor só está apto para assumir uma sala de aula quando ele tem consciência da necessidade de ser também um pesquisador. Com isso quero dizer que é preciso que haja, por parte do professor, a consciência de que ele precisa questionar sua prática, pois é através desse questionamento que o conhecimento é construído. 

Sendo assim, eu me considero preparado para assumir uma sala de aula, pois estou disposto a manter vivo o questionamento, ou seja, o senso crítico, a pesquisa na minha prática docente. Um exemplo dessa minha disposição é que meu Trabalho de Conclusão de Curso nasceu de minha observação no Estágio Supervisionado e muitos outros trabalhos publicados em congressos, simpósios, entre outros nasceram de experiências minhas em sala de aula.



NILSON DE SOUSA RUTIZAT 
Fonte: Memorial do Estágio Supervisionado do Curso de Letras - IFPB (2017)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Está aí três coisas que não se discute: política, religião e futebol.

Eu tenho para mim que essa ideia de que não se discute política, religião e futebol foi criada por uma comissão formada por políticos corruptos, chefes de religiões que enriquecem graça a fé cega de muitos e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol).  Não é difícil ouvir alguém proferir a frase: política, religião e futebol não se discute. De fato, não se discute, pois estamos acostumados a votar por todos os motivos pessoais possíveis sem nos preocuparmos com o melhor para o coletivo, e isso se aplica aos mais variados tipos de eleições. Não discutimos religião porque achamos que a nossa é a única verdadeira e que, por isso, quem não pertence a ela deve ser criticado e convertido a nossa fé. E por que não discutimos futebol? Esse último não discutimos porque não sabemos lidar com as opiniões que diferem da nossa. Nós não discutimos política, religião... imagina aí se seríamos capazes de discutir futebol.  Talvez por essa nossa incapacidade de discutir, de forma madur

BUNDA, um produto em alta!

Quer fazer sucesso na música? Não esqueça de colocar a palavra 'BUNDA', ou suas derivações, na letra. Ah, e não cometa o pecado de fazer uma música sem uma batida que dê para balançar o BUMBUM, está aí uma derivação de bunda. Mas se a música não é seu forte e você quer ter sucesso na dança, não esqueça de aprender muito bem a balançar a bunda. Se ainda a dança não é o que você quer, mas seu desejo é apenas ser visto(a) e desejado(a), não se esqueça de malhar a bunda e o mais importante, de usar roupas que a valorize. Agora, se você não tem bunda permita-me lhe dá os pêsames. Maldito seja a pessoa que nasceu com pouca bunda no Brasil do século XXI.  BUNDA hoje, no Brasil, tem mais valor e reconhecimento que qualquer outra coisa. Duvida? Vejamos as músicas de maior sucesso e do que elas falam. Comecemos por uma música de MC Kevinho "Olha a explosão", que até o momento em que estou escrevendo esse texto já conta com mais de 600 milhões de acesso no youtube

Por que ler S. Bernado, de Graciliano Ramos?

Criado por uma negra doceira, Paulo Honório foi um menino órfão que guiava um cego e vendia cocadas durante a infância para conseguir algum dinheiro. Depois começou a trabalhar na duro na roça até os dezoito anos. Nessa época ele esfaqueia João Fagundes, um homem que se envolve com a mulher com quem Paulo Honório teve sua primeira relação sexual. Então é preso e durante esse período aprende a ler com o sapateiro Joaquim. A partir de então ele passa somente a pensar em juntar dinheiro. Saindo da prisão, Paulo Honório pega emprestado com o agiota Pereira uma quantia em dinheiro e começa a negociar gado e todo tipo de coisas pelo sertão. Assim, ele enfrente toda sorte de injustiças, fome e sede, passando por tudo isso com muita frieza e utilizando de meios antiéticos, como ameaças de morte e roubo. Após conseguir juntar algumas economias, retorna a sua terra natal, Viçosa, com o desejo de adquirir a fazenda São Bernardo, onde tinha trabalhado. Para tanto, Paulo Honório inicia uma a