Não aprendem. Não adianta explicar, esses alunos nunca aprendem. São palavras repetidas diariamente por professores. Eles sentam-se em uma sala minúscula, quente e barulhenta por quinze minutos, durante o intervalo. O que deveria ser um momento de descanso para eles, torna-se um momento de agonia. Vozes, vozes, vozes e mais vozes disputam o ambiente numa tentativa vã e esforçada de serem ouvidas. Quem nesse momento passa por ali não imagina que naquele cubículo quente e barulhento estão os professores em seu momento de "descanso".
NÃO APRENDEM. NÃO ADIANTA EXPLICAR, ESSES ALUNOS NUNCA APRENDEM. Não se houve, no entanto, uma discussão que visem à resolução do problema, não se discute o que deve ser mudado, acrescentado ou retirado para que os alunos voltem ou comecem a aprender. As vozes não se cansam, nunca cessam. Muda-se o assunto, o aluno que nunca aprende sai de foco e os gritos agora falam de tragédias, salários, medos, revoltas e tudo o que vier a mente perturbada daqueles trabalhadores que gritam, mas que não são ouvidos.
A sala agora está em silêncio, quente, minúscula, mas em silêncio. Acabaram-se os quinze minutos e eles, os professores, retornaram para sala de aula e estão lá, agora, falando o que deve ser falado, usando todas suas armas em prol do aprendizado. Mas lá na sala de aula assim como naquela sala minúscula, quente e barulhenta, sua voz também não é ouvida. Um deles para, olha a turma, recorda os tantos anos de estudo, respira fundo e pensa "NÃO ESCUTAM", "NÃO APRENDEM", "NÃO ESCUTAM", "NÃO APRENDEM". E esse eco toma conta de sua mente. A sirene toca, é o fim do expediente. Mas o eco continua na cabeça daquele professor "NÃO ESCUTAM", "NÃO APRENDEM", "NÃO ESCUTAM", "NÃO APRENDEM".
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