Vivia triste e amargurado
Reclamando do destino
Estava sempre solitário
Gostava de andar sozinho
Não tinha o humor estampado
Como um típico nordestino
Mas ele era nordestino
Nascido e criado no sertão
Seu pai era da roça
Aquele do tipo durão
Que afirmava sem medo
Que homem não tem coração
Homem não tem coração
No sentido de não chorar
Pra ele homem não chora
E nem deve reclamar
Deve enfrentar tudo
Sem nunca se lamentar
Esse era um pensamento
Ensinado na comunidade
O homem tinha que ser
Forte e cheio de coragem
E chorar era coisa de mulher
Fraca e cheia de bestagem
Falamos aqui de João
Que de nada disso gostava
Pois ele chorava escondido
E não se envergonhava
De ser um homem que chora
Que ria e se desesperava
Mas mesmo pensando assim
Não falava nada a seu pai
E nem pra seus dois irmãos
Muito menos pra Tomaz
Pois sempre que ia chorar
Se escondia nos canaviais
Tomaz era seu vizinho
Tinha mais ou menos sua idade
João tinha 19 anos
E Tomaz tinha 18, na verdade
Mas eles não eram amigos
Então, não falavam de intimidade
O pai de João criou seus filhos
Com essa concepção
De que homem tem que ser homem
Tem que ser forte e machão
E seus filhos pensavam assim
Gustavo, Antônio menos João.
O dia a dia na roça
É de trabalho e muita labuta
Não existe quase diversão
Todo dia é de luta
Para ganhar o sustento
O trabalho era conduta
Mas tudo na roça se encaminha
Da forma mais lentamente
E Gustavo e Antônio já tinham
Casamento em suas mentes
Pois é assim que lá funciona
O filho cresce casa e segue em frente
Dos três, João era o mais novo
Por isso não pensava em casar
Ele ainda tinha muitos sonhos
Que queria realizar
E um desses seus sonhos
Era na faculdade se formar
Apesar da dureza de seu pai
Para estudar, seu Firmino Ajudava
Ver o filho formado na faculdade
Era um sonho que orgulhava
A toda a família de João
Que nem o nome assinava
Essa ideia foi crescendo
E João foi se esforçando
Seus irmãos se casaram
E João ainda Sonhando
Buscando entrar na faculdade
Ele continuava estudando
Do lado da sua casa
Também estava Tomaz
Que queria ir pra faculdade
E se interessava demais
Estudava todos os dias
Em uma sombra nos canaviais
Em uma ida aos canaviais
João ouviu alguém cochichar
Saiu calado pra ver quem era
E viu Tomaz a estudar
Sozinho naquela sombra
Ele parecia se esforçar
Foi ali que João teve
Uma ideia genial
Foi à noite na casa de Tomaz
Numa visita nada normal
Foi compartilhar com ele
A ideia que era essencial
Para que os dois tivessem
Sucesso no vestibular
Deviam estudar juntos
E seus conhecimentos compartilhar
Pois só um ajudando o outro
Era que eles podiam passar
Quando João contou a Tomaz
Esse aceitou sem demora
E os dois passaram estudar juntos
Toda noite às 7 horas
Almejando um só objetivo
Mas dos dois a vitória
Não é que isso deu certo
Os dois foram pra faculdade
Conseguiram passar no vestibular
E ainda construíram uma amizade
Que seguiu por muito tempo
E parecia ser de verdade
Dizem que é na faculdade
Que começamos a nos descobri
É lá onde surge o sentimento
Aos quais vamos aderir
Também é lá que nascem os amores
Que começa a nos ferir
Foi na faculdade que João
Começou a se encontrar
Encontro alguém muito especial
E já começou a amar
Só não sabia que era tão difícil
A dor de se apaixonar
Sem medo ele partiu
Para declarar-se a seu amor
Não tinha medo de nada
Nem da rejeição e nem da dor
Encontrou Tomaz na faculdade
E pra ele se declarou
Foi um susto de matar
Que deixou Tomaz sem ação
Pois Tomaz nem imaginava
Que seu amigo João
Alimentava por ele Tomaz
Essa grande paixão
Tomaz olhou João
E o cuspe engoliu
Ainda apavorado
Baixou a cabeça e saiu
Deixando João sozinho
Como boia no rio
João foi para seu dormitório
E pôs-se a chorar
E em meio aquele choro
Ouvir alguém á chamar
Dizendo que tinha pressa
Que queria conversar
Ele abriu a porta
E viu aquela visão
Tomaz em pé a sua frente
Com uma rosa na mão
Dizendo: - Eu aceito você
Mas com uma condição
- Que condição? –
Perguntou João emocionado
- Que você conte a sua família
Que somos namorados –
O susto foi tão grande
Que João quase cai desmaiado
Mas depois de um longo beijo
Que João roubou de seu amor
- Respondeu firmemente
Eu faço o que necessário for
Só pra você me beijar de novo
Da forma que me beijou –
E em meio a descobertas,
Desejos e muita paixão
Os dois transaram muito
E ardentes de tesão
Passaram a noite juntos
Experimentando aquela sensação
Os dias foram passando
E o namoro foi amadurecendo
E num passeio que fizeram
Tomaz foi se valendo
Da promessa de João
Que ainda estava lhe devendo
E então João chamou
A família toda pra jantar
E na hora da comida
João começou a falar
- Eu estou namorando
E pensando em casar –
Todo mundo bateu palmas
E lhe apertaram a mão
- Digam quem é ela –
Pediram a João
E ele meio encabulado
Pediu de todos, a atenção
- Eu sei que isso pode
Não parecer pra vocês normal
Mas pra mim e Tomaz
É mais que natural
Tomaz é meu namorado
A pessoa especial –
- Você só deve estar brincando –
Indagou o seu Firmino
Que enquanto ele falava
Ou outros continuavam rindo
E Tomaz abraçou João
E da sala foi saindo
E pra surpresa de todos
Seu Firmino gritou
- Ninguém sai dessa sala –
Desse jeito ele falou:
- Meus filhos não vão viver
Como puta de favor
`Seu Firmino perguntou:
- É ele que você ama?
É com ele que quer casar?
Vai casar com ele e não reclama
Filho que criei tem que casar,
Pois de adultero você terá fama
Foi uma reação surpreendente
De um homem muito machão
Que dizia a todo mundo
Que homem não tem coração
E ali naquele momento
Demonstrava tanta compreensão
Seu Firmino casou João
E Tomaz ele aceitou
Mesmo sem entender como
Entre os dois podia existe amor
Ele abre mão de seus princípios
Mas o filho não abandonou
Lembro-me de ter falado
Com seu Firmino outro dia
Ele me disse que não é fácil
Aceitar o que ele via
Seu filho sendo piada
Nas calçadas todo dia
E disse-me ainda
Que ele não pode escolher por ninguém
Que ele ama o filho dele
E a escolha que ele tem
Pois o pai deve amar seu filho
Como ele não ama ninguém
João e Tomaz se formaram
E vive como casal
Que tem dias alegres e tristes
De forma bem natural
E mesmo alguém achando estranho
Eles levam a vida bem normal
Seu Firmino mais uma vez
Eu quero ressaltar
Sua sensatez de aceitar seu filho
E de não o condenar
E entender que ele escolhe
Por quem quer se apaixonar.
Reclamando do destino
Estava sempre solitário
Gostava de andar sozinho
Não tinha o humor estampado
Como um típico nordestino
Mas ele era nordestino
Nascido e criado no sertão
Seu pai era da roça
Aquele do tipo durão
Que afirmava sem medo
Que homem não tem coração
Homem não tem coração
No sentido de não chorar
Pra ele homem não chora
E nem deve reclamar
Deve enfrentar tudo
Sem nunca se lamentar
Esse era um pensamento
Ensinado na comunidade
O homem tinha que ser
Forte e cheio de coragem
E chorar era coisa de mulher
Fraca e cheia de bestagem
Falamos aqui de João
Que de nada disso gostava
Pois ele chorava escondido
E não se envergonhava
De ser um homem que chora
Que ria e se desesperava
Mas mesmo pensando assim
Não falava nada a seu pai
E nem pra seus dois irmãos
Muito menos pra Tomaz
Pois sempre que ia chorar
Se escondia nos canaviais
Tomaz era seu vizinho
Tinha mais ou menos sua idade
João tinha 19 anos
E Tomaz tinha 18, na verdade
Mas eles não eram amigos
Então, não falavam de intimidade
O pai de João criou seus filhos
Com essa concepção
De que homem tem que ser homem
Tem que ser forte e machão
E seus filhos pensavam assim
Gustavo, Antônio menos João.
O dia a dia na roça
É de trabalho e muita labuta
Não existe quase diversão
Todo dia é de luta
Para ganhar o sustento
O trabalho era conduta
Mas tudo na roça se encaminha
Da forma mais lentamente
E Gustavo e Antônio já tinham
Casamento em suas mentes
Pois é assim que lá funciona
O filho cresce casa e segue em frente
Dos três, João era o mais novo
Por isso não pensava em casar
Ele ainda tinha muitos sonhos
Que queria realizar
E um desses seus sonhos
Era na faculdade se formar
Apesar da dureza de seu pai
Para estudar, seu Firmino Ajudava
Ver o filho formado na faculdade
Era um sonho que orgulhava
A toda a família de João
Que nem o nome assinava
Essa ideia foi crescendo
E João foi se esforçando
Seus irmãos se casaram
E João ainda Sonhando
Buscando entrar na faculdade
Ele continuava estudando
Do lado da sua casa
Também estava Tomaz
Que queria ir pra faculdade
E se interessava demais
Estudava todos os dias
Em uma sombra nos canaviais
Em uma ida aos canaviais
João ouviu alguém cochichar
Saiu calado pra ver quem era
E viu Tomaz a estudar
Sozinho naquela sombra
Ele parecia se esforçar
Foi ali que João teve
Uma ideia genial
Foi à noite na casa de Tomaz
Numa visita nada normal
Foi compartilhar com ele
A ideia que era essencial
Para que os dois tivessem
Sucesso no vestibular
Deviam estudar juntos
E seus conhecimentos compartilhar
Pois só um ajudando o outro
Era que eles podiam passar
Quando João contou a Tomaz
Esse aceitou sem demora
E os dois passaram estudar juntos
Toda noite às 7 horas
Almejando um só objetivo
Mas dos dois a vitória
Não é que isso deu certo
Os dois foram pra faculdade
Conseguiram passar no vestibular
E ainda construíram uma amizade
Que seguiu por muito tempo
E parecia ser de verdade
Dizem que é na faculdade
Que começamos a nos descobri
É lá onde surge o sentimento
Aos quais vamos aderir
Também é lá que nascem os amores
Que começa a nos ferir
Foi na faculdade que João
Começou a se encontrar
Encontro alguém muito especial
E já começou a amar
Só não sabia que era tão difícil
A dor de se apaixonar
Sem medo ele partiu
Para declarar-se a seu amor
Não tinha medo de nada
Nem da rejeição e nem da dor
Encontrou Tomaz na faculdade
E pra ele se declarou
Foi um susto de matar
Que deixou Tomaz sem ação
Pois Tomaz nem imaginava
Que seu amigo João
Alimentava por ele Tomaz
Essa grande paixão
Tomaz olhou João
E o cuspe engoliu
Ainda apavorado
Baixou a cabeça e saiu
Deixando João sozinho
Como boia no rio
João foi para seu dormitório
E pôs-se a chorar
E em meio aquele choro
Ouvir alguém á chamar
Dizendo que tinha pressa
Que queria conversar
Ele abriu a porta
E viu aquela visão
Tomaz em pé a sua frente
Com uma rosa na mão
Dizendo: - Eu aceito você
Mas com uma condição
- Que condição? –
Perguntou João emocionado
- Que você conte a sua família
Que somos namorados –
O susto foi tão grande
Que João quase cai desmaiado
Mas depois de um longo beijo
Que João roubou de seu amor
- Respondeu firmemente
Eu faço o que necessário for
Só pra você me beijar de novo
Da forma que me beijou –
E em meio a descobertas,
Desejos e muita paixão
Os dois transaram muito
E ardentes de tesão
Passaram a noite juntos
Experimentando aquela sensação
Os dias foram passando
E o namoro foi amadurecendo
E num passeio que fizeram
Tomaz foi se valendo
Da promessa de João
Que ainda estava lhe devendo
E então João chamou
A família toda pra jantar
E na hora da comida
João começou a falar
- Eu estou namorando
E pensando em casar –
Todo mundo bateu palmas
E lhe apertaram a mão
- Digam quem é ela –
Pediram a João
E ele meio encabulado
Pediu de todos, a atenção
- Eu sei que isso pode
Não parecer pra vocês normal
Mas pra mim e Tomaz
É mais que natural
Tomaz é meu namorado
A pessoa especial –
- Você só deve estar brincando –
Indagou o seu Firmino
Que enquanto ele falava
Ou outros continuavam rindo
E Tomaz abraçou João
E da sala foi saindo
E pra surpresa de todos
Seu Firmino gritou
- Ninguém sai dessa sala –
Desse jeito ele falou:
- Meus filhos não vão viver
Como puta de favor
`Seu Firmino perguntou:
- É ele que você ama?
É com ele que quer casar?
Vai casar com ele e não reclama
Filho que criei tem que casar,
Pois de adultero você terá fama
Foi uma reação surpreendente
De um homem muito machão
Que dizia a todo mundo
Que homem não tem coração
E ali naquele momento
Demonstrava tanta compreensão
Seu Firmino casou João
E Tomaz ele aceitou
Mesmo sem entender como
Entre os dois podia existe amor
Ele abre mão de seus princípios
Mas o filho não abandonou
Lembro-me de ter falado
Com seu Firmino outro dia
Ele me disse que não é fácil
Aceitar o que ele via
Seu filho sendo piada
Nas calçadas todo dia
E disse-me ainda
Que ele não pode escolher por ninguém
Que ele ama o filho dele
E a escolha que ele tem
Pois o pai deve amar seu filho
Como ele não ama ninguém
João e Tomaz se formaram
E vive como casal
Que tem dias alegres e tristes
De forma bem natural
E mesmo alguém achando estranho
Eles levam a vida bem normal
Seu Firmino mais uma vez
Eu quero ressaltar
Sua sensatez de aceitar seu filho
E de não o condenar
E entender que ele escolhe
Por quem quer se apaixonar.
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