Vivia triste e amargurado Reclamando do destino Estava sempre solitário Gostava de andar sozinho Não tinha o humor estampado Como um típico nordestino Mas ele era nordestino Nascido e criado no sertão Seu pai era da roça Aquele do tipo durão Que afirmava sem medo Que homem não tem coração Homem não tem coração No sentido de não chorar Pra ele homem não chora E nem deve reclamar Deve enfrentar tudo Sem nunca se lamentar Esse era um pensamento Ensinado na comunidade O homem tinha que ser Forte e cheio de coragem E chorar era coisa de mulher Fraca e cheia de bestagem Falamos aqui de João Que de nada disso gostava Pois ele chorava escondido E não se envergonhava De ser um homem que chora Que ria e se desesperava Mas mesmo pensando assim Não falava nada a seu pai E nem pra seus dois irmãos Muito menos pra Tomaz Pois sempre que ia chorar Se escondia nos canaviais Tomaz era seu vizinho Tinha mais ou menos sua idade João tinha 19 anos E Tomaz tinha
Escrever para mim é como respirar, eu preciso escrever para continuar vivo. Nilson Rutizat